20 outubro 2010

Resumos Bienal 1 Cléo Busatto e Rodrigo Lacerda

Bom dia pessoal!

Como eu disse no post anterior, entre os dias 01 e 10 de outubro de 2010 aconteceu a 1° Bienal do Livro de Curitiba. Embora tenha gerado certa insatisfação no público por causa do valor do ingresso (R$ 8,00 - imaginem isso em 10 dias, seria um dinheirão e quando se fala que o brasileiro não lê acho que isso não estimula nem um pouco alguém que não lê a se interessar por um evento cultural como esse. Se nós que amamos a literatura já achamos caro, imaginem um leigo).
Enfim, graças a Deus professores não pagavam pra entrar, então, depois de ter preenchido uma ficha enorme onde só faltaram perguntar qual era a cor do azuleijo do banheiro da escola que eu trabalhava, consegui ganhar minha credencial grátis. Aproveitei, fui em 8 dos 10 dias e fiquei em quase todas as palestras.


A primeira que assisti foi a da Cléo Busatto e Rodrigo Lacerda (Jabuti de literatura infanto-juvenil com O Fazedor de Velhos) com o tema "Pequenos leitores, grandes leitores" já que também tenho interesse num público juvenil e infanto-juvenil.

Ambos falaram coisas muito interessantes como:

- Para se formar um novo leitor é preciso fisgar esse leitor com uma boa história.
- Escrever de forma fluente, quase coloquial mas sem filtrar o vocabulário e as referências, não "baratear" no conteúdo e sim na forma mais leve e coloquial.

Também comentaram que as crianças leem mais porque são mais estimuladas na escola e os adolescentes a partir dos 12 anos geralmente se desinteressam da leitura. Alguns desses voltarão a ser leitores mais tarde, mas a grande maioria nunca mais volta.

Um dos problemas visto por esses autores é que a literatura juvenil muitas vezes se torna em uma literatura de massa doutrinária esteriotipando o adolescente como aquele que anda de skate, usa internet, gosta de balada, etc... Os personagens viram cabide de esteriótipos de adolescente (1 único personagem representa todos os adolescentes e faz tudo que eles em geral fazem). Nisso falta humanizar o personagem, falar de sentimento, de emoção e não escrever por "encomenda" reforçando esteriótipos, o que deixa o texto insonso e desinteressante para o jovem leitor. O personagem não é uma caricatura, ele sente.

Outro fato analisado foi a diferença do mercado editorial para jovens no Brasil e no exterior:

Enquanto no livro juvenil nacional geralmente se tem no máximo 150 páginas, um Harry Potter tem mais de 500.  No Brasil a literatura é muito realista, no exterior é utilizada mais magia, fantasia e isso fisga o leitor, esse mundo imaginário como uma ressignificação do real.
Outro ponto chave é a distância entre os editores e os leitores adolescentes (Harry Potter chegou a ser recusado por uma grande editora que achava que o livro não faria sucesso por ter muitos nomes estrangeiros e não ter nada a ver com a realidade do Brasil).
E, por último, mas não menos importante, no estrangeiro os autores conseguem ter mais tempo para escrever esses romanções enormes porque sobrevivem de direitos autorais, o que não acontece no Brasil, onde o escritor precisa ter outra profissão para se sustentar enquanto escreve.
É a triste realidade da cultura brasileira...

E aí, o que vocês acham? Concordam ou discordam?
Abraços e até a próxima!

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