A segunda carta de Rilke para o jovem Franz Kappus data de 05 de abril de 1903 e é muito breve, por conta do estado de saúde do remetente. Fala sobre a ironia.
(...)"Hoje eu dizer queria apenas duas coisas ao senhor. Primeiro, quanto à ironia.
Não se deixe dominar por ela, principalmente em momentos sem criatividade. Nos momentos criativos, procure fazer uso dela como de mais um meio para abarcar a vida. Usada com pureza, ela também é pura, e não é preciso envergonhar-se dela. Caso a intimidade seja excessiva, caso o senhor tema essa crescente intimidade com a ironia, volte-se para assuntos grandes e sérios, diante dos quais ela se torna pequena e desamparada. Procure o fundo das coisas: ali a ironia nunca chega. Assim, se o senhor seguir seu caminho à beira do que é grandioso, pergunte-se também se esse modo de compreender o mundo corresponde a uma necessidade de seu ser. Pois, sob a influência de coisas sérias, ou a ironia o abandonará (se ela for algo ocasional), ou então ela ganhará força (se lhe pertencer como algo inato) e se converterá em uma ferramenta séria, assumindo seu lugar no encadeamento dos recursos com os quais o senhor terá de construir sua arte." (...)
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